Sim senhor, foi um belo almoço. O bacalhau à Moreira de Sá estava divinal, acompanhado por umas deliciosas batatas a Sá Pinto-quando-encontra-Artur Jorge. Só faltava a sobremesa.
Chamei o empregado de mesa. Ele era nada mais que o bonacheirão Djoincevic, agora retirado dos relvados e com madeixas brancas no couro cabeludo, embora ainda preservando a inconfundível barba. Trazia estampada na farda a óbvia saudade dos gloriosos tempos do velho Salgueiral.
- Então, meu bom homem – dirigi-me afável – diga lá o que tem de sobremesa.
- Ter pudim…
- Eh pá, porreiro – sempre gostei de pudins. Dos caseiros, claro. Aquilo dos pacotes do Mandarim era uma sabujice. Todavia, uma refeição daquelas merecia algo em grande. Indaguei-lhe por mais.
- Então e não há para aí nada com Rui França ou com Nikolic, o Maradona de Paranhos? Isso seria absolutamente fantástico!
- Não… não… já não haver nada… nada restar, sinhor… - percebi que tinha cravado uma seta lá no fundo do seu coração. Djoincevic perdeu o sorriso, as sobrancelhas murcharam e o pobre empregado, escondendo a cara enquanto fungava, a custo evitou que uma teimosa lágrima escorresse pela sua face cabeluda – Mas ainda haver pólo aquático na Salgueiros… - apontou Djoincevic, tentando reter alguma da sua doce ilusão.
- Deixe lá isso, homem – tentei chamá-lo de volta à realidade – Tem mais alguma coisa?
- Ter Varzim…
Olá! Varzim rima com pudim. E um Varzim vintage promete, com o travo exótico de Lufemba ou o sabor fidelíssimo de Alexandre, o guedelhudo. Bem bom.
- E de que colheita é esse Varzim?
- Ser do ano passado, sinhor. Muita bom. Querer ver carta?
Ora bolas. Não era bem aquilo que estava à espera. Mas pronto; podia ser que houvesse qualquer coisa que me aguçasse o apetite…
- Venha de lá essa carta, meu grandessíssimo central de marcação.
Hmm. Um Malafaia carregado de gel. Soa-me a indigestão. Tem um nome jeitoso, sem dúvida, é um belo cruzamento entre Malaquias e Alfaia, mas todo aquele creme no cabelo não me deve cair bem. Parece-me um tipo claramente saudosista da moda “Vedeta 1996”. E aspirantes a Sérgio Conceição potenciam-me gastroenterites.
Hã? Ukra? Será o diminutivo radical de “ucraniano”? Eh pá, mas isto é coisa que se apresente a um cliente habitual? Um tipo de Famalicão com uma alcunha que nem um jogador brasileiro ousaria envergar? Sinceramente, Ukra soa-me a sobremesa confeccionada à pressa há 15 dias atrás e conservada fora do frigorífico. Não vou pegar nisso.
Olha, olha, o Postigol por aqui!... Isso confere um cariz internacional à ementa. Ah, mas não é o Hélder, é o Marco. Que azar. É como se a primeira fatia de um melão aparentemente suculento se desfizesse em água desenxabida – assim foi o efeito deste Marco em mim. Fazer-se valer do nome do Hélder… o que não significa necessariamente nada de bom… mas enfim, alguém ainda te irá comer pensando seres o Hélder.
Eh lá!, eis um verdadeiro acepipe! Cresceu-me água na boca: ele era Yazalde, o mítico matador leonino. Iria cair que nem ginjas no bucho. Mas… mas… é outra fraude! Este Yazalde não é o Yazalde que eu conheci! Isto é contrafacção! Não há pachorra para estas imitações. Faz-me lembrar o Messi do Olhanense. E o Zamorano ex-Estrela da Amadora. E as calças Lewi’s e Sóveste que se encontravam nas feiras. Chamei o empregado.
- Ó Djoincevic, este Yazalde esteve muito tempo ao sol, não? Está muito queimado para ser o verdadeiro Yazalde!...
- Não ser essa Yazalde, sinhor. Ser Yazalde, homenagem a argentino. Ser nova especialidade do casa. E ser muita bom.
- E o que é que leva?
- Er… ovos, achar eu… lête… hãããã… e o açúcar de um golo ou outro… achar ser… eu só servir mesas… ser muita bom, eu já provar.
- Ah, se o diz, está bem – quem sou eu para duvidar da palavra deste sábio central que partilhou tardes e tardes de alegria trauliteira com Milovac? – Então pode ser um Yazalde fresquinho, mas traga-me um com cabelo à anos 70, por favor.
Porém, os meus intentos não seriam concretizados. Djoincevic voltou da copa com más notícias.
- Sinhor, já não haver Yazalde. Vender último há meio-hora. Mas amanhã já ter nova Eusébio.
Pois, pois, de novos Eusébios e de novos Maldinis está o inferno da Luz cheio… ou estava, até Mawete Júnior e Sepsi receberem a guia de marcha. Era vê-los chegar às paletes com grandes parangonas e depois ninguém tocava neles, ficavam todos a apodrecer e a cheirar mal a céu aberto, como toda a gente sabe. Era o festim das salmonelas. Não, a mim não me apanham nessa. E, para mais, quero uma sobremesa agora. Por isso decidi-me pelo seguro:
- Então traga-me só o pudim, Djoincevic. Pode ser do Mandarim, já estou por tudo.
Chamei o empregado de mesa. Ele era nada mais que o bonacheirão Djoincevic, agora retirado dos relvados e com madeixas brancas no couro cabeludo, embora ainda preservando a inconfundível barba. Trazia estampada na farda a óbvia saudade dos gloriosos tempos do velho Salgueiral.
- Então, meu bom homem – dirigi-me afável – diga lá o que tem de sobremesa.
- Ter pudim…
- Eh pá, porreiro – sempre gostei de pudins. Dos caseiros, claro. Aquilo dos pacotes do Mandarim era uma sabujice. Todavia, uma refeição daquelas merecia algo em grande. Indaguei-lhe por mais.
- Então e não há para aí nada com Rui França ou com Nikolic, o Maradona de Paranhos? Isso seria absolutamente fantástico!
- Não… não… já não haver nada… nada restar, sinhor… - percebi que tinha cravado uma seta lá no fundo do seu coração. Djoincevic perdeu o sorriso, as sobrancelhas murcharam e o pobre empregado, escondendo a cara enquanto fungava, a custo evitou que uma teimosa lágrima escorresse pela sua face cabeluda – Mas ainda haver pólo aquático na Salgueiros… - apontou Djoincevic, tentando reter alguma da sua doce ilusão.
- Deixe lá isso, homem – tentei chamá-lo de volta à realidade – Tem mais alguma coisa?
- Ter Varzim…
Olá! Varzim rima com pudim. E um Varzim vintage promete, com o travo exótico de Lufemba ou o sabor fidelíssimo de Alexandre, o guedelhudo. Bem bom.
- E de que colheita é esse Varzim?
- Ser do ano passado, sinhor. Muita bom. Querer ver carta?
Ora bolas. Não era bem aquilo que estava à espera. Mas pronto; podia ser que houvesse qualquer coisa que me aguçasse o apetite…
- Venha de lá essa carta, meu grandessíssimo central de marcação.
Hmm. Um Malafaia carregado de gel. Soa-me a indigestão. Tem um nome jeitoso, sem dúvida, é um belo cruzamento entre Malaquias e Alfaia, mas todo aquele creme no cabelo não me deve cair bem. Parece-me um tipo claramente saudosista da moda “Vedeta 1996”. E aspirantes a Sérgio Conceição potenciam-me gastroenterites.
Hã? Ukra? Será o diminutivo radical de “ucraniano”? Eh pá, mas isto é coisa que se apresente a um cliente habitual? Um tipo de Famalicão com uma alcunha que nem um jogador brasileiro ousaria envergar? Sinceramente, Ukra soa-me a sobremesa confeccionada à pressa há 15 dias atrás e conservada fora do frigorífico. Não vou pegar nisso.
Olha, olha, o Postigol por aqui!... Isso confere um cariz internacional à ementa. Ah, mas não é o Hélder, é o Marco. Que azar. É como se a primeira fatia de um melão aparentemente suculento se desfizesse em água desenxabida – assim foi o efeito deste Marco em mim. Fazer-se valer do nome do Hélder… o que não significa necessariamente nada de bom… mas enfim, alguém ainda te irá comer pensando seres o Hélder.
Eh lá!, eis um verdadeiro acepipe! Cresceu-me água na boca: ele era Yazalde, o mítico matador leonino. Iria cair que nem ginjas no bucho. Mas… mas… é outra fraude! Este Yazalde não é o Yazalde que eu conheci! Isto é contrafacção! Não há pachorra para estas imitações. Faz-me lembrar o Messi do Olhanense. E o Zamorano ex-Estrela da Amadora. E as calças Lewi’s e Sóveste que se encontravam nas feiras. Chamei o empregado.
- Ó Djoincevic, este Yazalde esteve muito tempo ao sol, não? Está muito queimado para ser o verdadeiro Yazalde!...
- Não ser essa Yazalde, sinhor. Ser Yazalde, homenagem a argentino. Ser nova especialidade do casa. E ser muita bom.
- E o que é que leva?
- Er… ovos, achar eu… lête… hãããã… e o açúcar de um golo ou outro… achar ser… eu só servir mesas… ser muita bom, eu já provar.
- Ah, se o diz, está bem – quem sou eu para duvidar da palavra deste sábio central que partilhou tardes e tardes de alegria trauliteira com Milovac? – Então pode ser um Yazalde fresquinho, mas traga-me um com cabelo à anos 70, por favor.
Porém, os meus intentos não seriam concretizados. Djoincevic voltou da copa com más notícias.
- Sinhor, já não haver Yazalde. Vender último há meio-hora. Mas amanhã já ter nova Eusébio.
Pois, pois, de novos Eusébios e de novos Maldinis está o inferno da Luz cheio… ou estava, até Mawete Júnior e Sepsi receberem a guia de marcha. Era vê-los chegar às paletes com grandes parangonas e depois ninguém tocava neles, ficavam todos a apodrecer e a cheirar mal a céu aberto, como toda a gente sabe. Era o festim das salmonelas. Não, a mim não me apanham nessa. E, para mais, quero uma sobremesa agora. Por isso decidi-me pelo seguro:
- Então traga-me só o pudim, Djoincevic. Pode ser do Mandarim, já estou por tudo.
19 comentários:
Muito bom post. Pessoal, este yazalde daqui a uns anos vai dar q falar. Só tem 19 aninhos ainda. Internacional de sub-19 tal como o Ukra.
Aaah, Yazalde...
Esse nome que me dá quase mais arrepios que a careca do Elpídio Silva, pistoleiro mais rápido que a própria sombra do Jokanovic e mais certeiro que os pontapés de bicilcleta do Manoel!
Confesso, para mim o Varzim perdeu a mística!
Não há Prokopenko, Alexandre, Torres Mestre, Zacarias ou Murdock (o Mr. T era o Mendonça e o Anibal Smith era o Fumo, claro)
Tenho pena, mas este Yazalde não é cromo como já se foi cromo na Póvoa.
Um desconsolado Paco Fortes para todos.
Ivo
Diziam que Djoincevic e Dinis eram ciganos romenos que foram separados a nascenca e finalmente reencontraram-se a 13 Marco de 1993 num campo de batatas em Santo Tirso, qual pelicula de Van Damme Dinis era mau e equipava de negro enquanto Djoincevic vestia de Branco.
Djoincevic foi tambem o cabeca das forcas servias na celebre batalha da guerra dos balcas em Paranhos contra as forcas croatas do Barca de Vidago comandadas por Karoglan.
PS: Leao vai comandar a nova equipa do Salgueiros 08 na II Div. da AF Porto. O primeiro jogo e ja dia 28 de Setembro contra o Paradela. Os bilhetes custam 2 euros e estao todos convidados.
Parece que o Maradona de Paranhos estara presente juntamente com Nandinho Foguete e Jorge Abecula Placido.
A alcunha do barbudo junto dos indefectiveis do Sport Comercio era Joint E Fiche
e acho que nao me esqueci de mais nada
Estou com uma expressão facial MíltonMendes-like desde que vi a montagem do meu querido Djoincevic, uma das fronhas que primeiro me fez aproximar do Mundo Cromístico, juntamente com o seu companheiro para a vida, Milovac.
E de tão boa que é a referida montagem, temo - tal como o MMendes - ficar com a supracitada expressão até ao final dos meus dias.
Que bom post. Daqueles que dá vontade de comer e repetir mais 3 vezes, como um poker de Kinder Bueno.
@vidalpinheiro: no meio de tão boas novas, explica-nos a razão de ser do "joint e fiche", por obséquio.
@Ivo: o nome "Torres Mestre" fez-me estremecer por dentro. Obrigado.
Oh meu caro Fitzx, bem sei como te sentes, não tens nada que agrdecer!
É sempre um gosto proporcionar bem-estar a quantos me acompanham nas jornadas croMÍSTICAS, tipo Kandaurov a chutar bolas para o Escalona ir procurar na 2.ª circular...
Que Mawete Júnior nos acompanhe.
Ivo
Ps: Deixo uma pergunta no ar, aguardando a resposta como a mini espera pelo tremoço: Quantos "Mateus", "Matheus" e outras derivações quaisquer deste nome há no campeonato??
Fitxz tu nao queres ir por esses caminhos...
Ivo
Mateus so ha um, o de bigode e mais nenhum
O meu preferido é o Caso Mateus. Neste jogador, o substantivo "caso" assumiu a função de nome próprio.
Ou seja, "Caso" está para Mateus, como Mílton para Caccioli.
Um dos meus sonhos impossiveis era ver juntos na mesma equipa estes 3 centrais (3X5X2): "Sandokan" Dinis, Vieira e Djoncevic. E na frente pra ser ouro sobre azul (mais amarelo s calhar..) o Abdel Ghany com o Spassov. Vale a pena sonhar. Um Katanga pra todos vós
Excelentes noticias! Salgueiros de regresso. Venham agora os novos VIC e OV dos balcãs. O Leão dará conta do recado.
Muito bom post
Caro Vidalpinheiro, um dos meus sonhos impossíveis (para lá daquele da Giselle e da Adriana Lima) era:
-Baston (bom bigode)
-Agatão (óptimo bigode)
-Dinis (Barba e bigode)
-Matias (aquele bigode farfalhudo)
-Veloso (Quem mais?)
-Zé da Rocha (bigodinho marialva)
-Carlos Manuel (palavras para quê)
-António Borges ("O" Bigode)
-Caccioli (Pela sua careca merece ser o único sem bigode a pontificar neste "dream team")
-Hassan (Merece pelo bigode que ostenta com orgulho)
-Paulinho Cascavel (Saudades...)
Como sonhar não custa...
Um abraço e um M'Jid para todos.
Ivo
Epah, que já me enganei!!
Bom, o Vidalpinheiro não se chateia comigo...
Um Mangonga para ti Vidalpinheiro!
Ivo
Ps: O treinador da equipa que escalonei acima era, obviamente, o Prof. Dr. Eng. NECA!!
Pedro nos e mais Vics, o Belenenses e que e mais Ovs.
Mas um grande Lalic com Radi ou um apertado Zdravkov sem Rudi para ti. Mas de qualquer das formas sempre um Lepi daqueles bem sentidos.
Ivo eu procurei um Mangonga para ti em todo o lado mas so consegui encontrar uma misera Tetinha (http://www.zerozero.pt/jogador.php?edicao_id=0&epoca_id=121&id=31028)
Ao encontrar esta Tetinha percebi logo porque o Torreense desceu de divisao nesse mesmo ano, isso e o facto de ter por central esse colosso chamado Floris Schaap, um 10 chamado Rosario e um Gil wannabe que era o Fua, Baltasar era o Barroso do meio campo e a estrela era um jovem de nome
Joao Lourenco Carapeta Margaca
Epah, esse também vem mesmo lá do fundinho do baú!!
Aliás, vem tanto lá do fundo que nem conheço o gajo!
Mas, de facto, Tetinha é muito bom nome!
Há tantos tesouros perdidos à espera de ver a luz do dia. Cabe-nos a nós, adeptos do mundo croMÍSTICO, descobrir onde estão...
Não tenho tamanho achado para te oferecer Vidalpinheiro, mas deixo-te um Sargento temperado com uma pitada de Canita e Bambo.
Para os lados da Figueira dizem que é um pitéu digno de ser comparado a Punisic com Hajry e um toquezinho de Carlos Costa!!
Abraços e Franklins para todos os demais.
Ivo
Tetinha? Santo Deus e gentil Arley.
O Margaça e o filho andam por aí a passear o seu ar negligé pelo blog.
Quanto à tua equipa, Ivo, há que fazer um post nesses moldes: a "All-Capilar Team" ou algo do género. Com ilustrações, claro.
Floris Schaap :D
A Tetinha do Arley faz "Schaap"?
"ALL-CAPPILAR TEAM"! Parabéns Fitzx, grande nome!!
Era mesmo isso que estávamos a precisar... E atenção que no banco de suplentes pontifica igual qualidade, tal como Diamantino, Spassov, Abdel Ghany, etc. É um TEAM a não desdenhar!!
Só tenho pena que o Drulovic não tivesse bigode. Uma fronha agressiva daquelas com uma bigodaça "a la Borges" dava um toque de qualidade naquele meio campo, mas pronto, não se pode ter tudo não é?
As ilustrações não são mais que que o N'Gal no topo do bolo!!
Um bom Reguila é o que te desejo meu caro.
Ivo
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